Programa
grátis, que pode ser baixado da internet, ensina o aluno a
pensar e serve como uma moderna ferramenta de
avaliação
papel desta
página de revista é feito com fibras de celulose
extraídas de pinheiros canadenses. É uma folha
importada, que até chegar às suas mãos
gerou empregos e movimentou a economia. Agora, ela está
servindo de suporte para informações, assim como
as escrituras do antigo Egito. Com uma diferença: os povos
que habitavam as margens do rio Nilo usavam o papiro.
Se
pararmos para pensar, podemos ver que o papel se insere em diferentes
épocas e se relaciona com assuntos como celulose, pinheiro,
emprego, economia, Canadá, informação,
comunicação, Egito, Nilo e papiro. Pois bem: na
escola, esse tipo de relação entre conceitos
é trabalhado a todo instante.
Mas
como saber se os estudantes estão compreendendo os conceitos
de modo correto? As formas convencionais de
avaliação podem ajudar, mas ainda não
permitem analisar, com clareza, o processo de raciocínio.
Uma alternativa para esse fim é o programa de
informática Cmaptool. Financiado originalmente pela Marinha
Americana, ele também foi desenvolvido com objetivos
educacionais pela Universidade de West Florida, nos Estados Unidos.
O
software trabalha com a montagem do mapa conceitual (veja
ilustração), espécie de organograma de
idéias com um conjunto de substantivos inter-relacionados.
Os grandes conceitos aparecem dentro de caixas — que podem
ser linkadas com imagens ou outros mapas — enquanto as
relações entre eles são feitas por
frases e verbos de ligação.
"Ao
construir o mapa, o aluno analisa as relações
possíveis entre as idéias que tem sobre um tema",
explica Ítalo Dutra, professor do Colégio de
Aplicação e Pesquisador do Laboratório
de Estudos Cognitivos da Universidade Federal do Rio Grande do Sul
(UFRGS). Ele é um dos responsáveis pela estudo do
programa no Brasil pela ótica da Espistemologia
Genética de Jean Piaget.
Hoje,
já existe uma versão do programa em
português, que pode ser baixada para o seu computador, sem
custos, no endereço http://ead.cap.ufrgs.br/.
Lá você encontra também as
instruções de uso. Os comandos são bem
simples, mas, para rodar o Cmaptool é necessária
uma memória de 128 Mb.
Um
mapa para responder dúvidas
A
montagem do "organograma" acontece em várias etapas. "Na
sala de aula, sempre surgem perguntas a respeito de um
conteúdo que está sendo trabalhado. O professor
discute a questão e sugere que os estudantes pensem em
palavras-chave ligadas àquele conceito", explica Dutra. A
atividade pode continuar na sala de informática. Um
único computador basta, desde que todos possam visualizar a
tela. Começam então a ser feitas as
relações possíveis para resolver a
dúvida, sempre apoiadas em conversas e debates.
"Ao
procurar as palavras que ligam um substantivo ao outro, a turma reflete
sobre o tema e pode dar diferentes abordagens para um mesmo
conteúdo", diz Dutra. E explica que, no caso de perceber
falhas, a hora é perfeita para propor atividades que ajudem
a classe a entender melhor os temas estudados.
Desde
o início do Ensino Fundamental os alunos têm
condição de elaborar um mapa conceitual.
É necessário, no entanto, ter cuidado para
acompanhar o nível de complexidade da rede
temática que será criada. "O importante
não é propriamente o resultado do mapa, mas o
exercício mental feito para construi-lo", explica Dutra.
Pela
ótica da Epistemologia Genética de Jean Piaget,
"é impossível caracterizar algum conceito sem
utilizar os outros, num processo que é também
necessariamente circular". Na dinâmica da
elaboração de um mapa conceitual, você
pode acompanhar o raciocínio feito pelo estudante durante a
aprendizagem de qualquer matéria.
Enquanto
os alunos ainda estão se familiarizando com a ferramenta,
é muito comum ligarem um substantivo ao outro de forma bem
simples. Ao tentar desmembrar o conceito "vegetal", por exemplo,
provavelmente surgirão somente
relações do tipo "vegetal é verde" ou
"vegetal cresce no solo". Dutra explica que a fase puramente descritiva
é só o começo. A turma deve ser
incentivada a aprofundar a análise com perguntas, em
conversas e na troca de informações com os
colegas. "O objetivo é fazer a garotada explicitar os
porquês daquelas relações entre os
conceitos."
Dessa
forma, por exemplo, poderiam ser construídas com o conceito
"vegetal" as seguintes relações: vegetal precisa
de luz ou vegetal faz fotossíntese. As duas geram perguntas
e atividades práticas que explicam por que a planta precisa
de luz — será que toda planta precisa? —
ou como ela produz seu alimento. "Pode-se, então, realizar
com a classe uma experiência para provar como os vegetais que
não recebem luz acabam morrendo", exemplifica.
Nesse
momento, o software vai ser útil também para
você. É possível usá-lo no
planejamento de atividades com a turma ou mesmo para refletir sobre
temas de seu interesse.
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